Os corvos e os homens
Da janela, eu observo os pássaros,
são corvos, não apostos no milharal,
estão desajustados, fora de lugar.
Interagem sem timidez em meio aos abutres
que planam esperançosos pela carcaça.
De milho não mais se alimentam, não mais;
buscam o sangue gotejante dos outrora algozes,
humanos indesejados da companhia
de outros animais.
Decerto, a cadeia evolutiva brinda as correntes Darwinistas
com melhores esboços de evolução,
pastiches e tratados biológicos, sem noção,
sem empirismos, apenas esperança...
Esperança de que os seres desejosos,
não mais desejam, pois já perderam a vontade
de fazer o mau.
O bicho mais pérfido, o racional predador
que não mais está cônscio de que não mais está a predar, apenas
sentimentos revanchistas desperta naqueles com quem habita.
Os homens viraram tubarões; os tubarões viraram homens; que viraram
porcos, que, por sua vez, se tornaram corvos. As folhas e sabugos não
se renovam em vida, são mãos mal formadas, qual folhas de troncos
por harpias devoradas no inferno Dantesco. Sem promessa,
sem ilusão. Apenas animais racionais, irracionais da carnificina de si próprios.
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