A PASSAGEM
Ao dobrar a esquina, o redemoinho,
O turbilhão sobre a cabeça.
Minha luz se expande, puxada.
Vejo-me em ruas de pedras, o caminho.
Nada mais que me esfrie ou aqueça.
Coisas grandes ou pequenas não são nada.
Percorri de pergaminho a papiro,
De papelão a folhas de seda
Tinteiros gastos como anos inteiros.
Foi-se já meu último suspiro,
Substituídas ruas toscas por veredas.
Todos palpites revelam-se embusteiros.
Luto nenhum por mim, nenhum luto,
Trago no coração o bendito fruto,
Sem pulmões respiro mais do que nunca.
Só verdades, meu nariz não adunca.
Todas as portas contêm reposteiros
E da varanda avista-se todos luzeiros.