Travas Soltas da Prisão Literária

Na calma meu engano alegra a pureza,

Por mim chora os pássaros que me vêem,

Em que não posso sentir-me seguro sem,

E depois apoias a mim o detalhe fraqueza.

Não sei se diante à mim, meu eu se decai,

Pois assim tanto sejas menos adorável,

Ainda podre de alma descansável,

E assim no meu coração tu não morais.

Respiro poesia que me trouxe o vento,

Era signo de algo inócuo, inalei-os,

Sedento, pela imaginação olhei-os,

Fértil mansidão, por mim, trago à cento.

Observo-lhe por fenda, funda, lascenta,

A ti, meu amor por oferenda, pois visai-vos,

Inofensiva, seguiste até sangue, e olhai-vos,

Petrificada à perdição, vê-me em desavença.

Sentença de aspereza, como vales mortos,

Á pátria de um povo cheio de esperanças,

O encontrado, mas não esperado matanças,

Horrípilo averso do desejado, sem outros.

Vejo já sem essência, o há das manhãs,

Afugenta-me o perder da esperança,

Recôndito o olhar da alma mansa,

E decreto-me inócuo das entranhas.

Samuel Oliveira da Costa
Enviado por Samuel Oliveira da Costa em 27/03/2019
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