As flores do espaço

Escrito em 5-6/3/2019

I-

Em um Carnaval de luzes

Posto a todas as direções

Das pétalas vivas das flores

Saem poemas e canções

Vindas sobre a natureza

Imóveis e radiantes

Contrastam com a beleza

De uma imensidão distante

Supersonicamente vão

Caminhando pelo cosmos

Tropeçando em direção

A pequenos cromossomos

Oscilando em formosura

Refletindo em galáxias

Na profundidade escura

Escorre a Via Láctea

É a nebulosa bege

Que se ergue reluzente

Das cores que foram hoje

Amanhã surgem novamente

Deste espectro cromático

O Universo se banhou

Num vislumbre aromática

O amarelo se corou

II-

Por entre a vaga escuridão

Todas as cores dançam:

No ritmo da vermelhidão

Rubro e carmesim se encontram

Em um beijo de rosas

Apaixonada escarlate

Crescentes pétalas formosas

Vivas na sideral arte

Segue em névoas de poeira

O valente alaranjado

Labaredas na fogueira

Do espaço tão desbotado

Esbanjando liberdade

O laranja que muito arde

Mesmo estando em tranquilidade

Jamais se mostra covarde

Explodindo em vividez

Amarelo estupefato

Drástico, chega a sua vez

Não é todo agitado de fato

Seus raios ficam ácidos

Cálidos não só de cima

Seus passos ficam plácidos

Ao beijar a cor de lima

Vibrando em equilíbrio

Desfolhando em floresta

O verde dos doces idílios

Ameniza o ritmo desta

Com seu esmeralda soprar

Das folhas tropicais

Deixando saudades sem ar

Nas imensidões siderais

Erguendo-se o gélido azul

A dança vai esfriando

Congelante, sem norte ou sul

Traz o inóspito soprando

Compasso frio de um céu claro

Reverberando em frequências

Com surgimento tão raro

E pacientes sequências

Profundo chega o anil

Trazendo a maresia índiga

Misterioso já se viu

Relaxante há quem diga

Das pétalas do infinito

Esta dança tímida

Pingando nada aflito

Valseando entristecida

Da melancolia as alas se abrem

Para as pétalas violeta

Potente, chega e vem

Radiando ultravioleta

Em circular serenidade

Termina a apresentação

Desta espectral claridade

Cobertos pela imensidão

III-

E nesta passarela

Todos têm seu momento

Desta contínua aquarela

Que pinta o meu pensamento

Oscilando em amplitudes

Refrações psicodélicas

Viajando com atitude

Na vazia sombra cósmica

E as cores tão misteriosas

Soando nos nossos sonhos

E as flores maravilhosas

Os aromas de quem somos

Florescem e fenecem

Tropeçam com toda a graça

Caleidoscopiam também

O sentimento que as disfarça