TABARÉU
Chegou de modo sútil
Um palavreado fútil
Aparência de inútil
Apesar do jeito frágil
Tinha olhar muito ágil
Trazia mau presságio
Falava com certo mistério
Tantas coisas sem critério
De poucos levarem a sério
Enchentes nos mangues
Ataques de mil gangues
Noites de Luas de Sangue
À princípio ouviu gracejos
Depois insensatos rumorejos
Espalharam-se pelos lugarejos
Na conversa dos bares
Ondas viriam dos mares
Medo contaminou os ares
Em noite de Lua Vermelha
Rasgará o céu forte centelha
Desgraça virá de parelha
Assustados com a notícia
Virou caso de polícia
À postos toda a milícia
Fruto de coletiva insanidade
Procura-se por toda cidade
Um homem que fale a verdade
Caminhará por aí ao léu?
Será que subiu ao céu?
Alguém viu o tabaréu?
É ele... preparem a grelha
Joguem-no ao fogaréu
Pronto! Mais um pro beleléu
E não me olhem de esguelha