NEGRO ARCANJO

Trafego imune entre a pobreza e a burguesia

Amo a aurora, a lua com sua prata me imanta

Trago nas mãos acalanto e uma lamina fria

Água, vento e sol alimentam-me feito planta

Lanço flechas, versos letais e indiscretos

Dardos poéticos cheios de amor e agonia

Tenho vestes cor das ruas e seus concretos

Espadas afiadas, a palavra e a poesia

Sou anjo torto, negro arcanjo

Em meio a lama do mundo

Ser alado, sem asas e sem arranjo

A flor de lótus do submundo.