A TEIA

Uma teia

Estendida no varal

As aranhas

Emaranhadas feito roupas

Sem sol

Por sobre a luz da lua

Aproveitam a vaga

Pra se debruçar por sobre aquela linha

O sereno as atravessa

Mas nada as atinge

Não as desfaz

Não as derrama

Não as maltrata

Nessas suas estradas finas

Linhas em que me coloco

E me movo

A toco

Detenho

Desenho

Apago de minha memória

As tantas teias que me envolvem

As teias que nem consigo ver

As teias que movem

Em mim seu ser

A teia também na grade

Presa como eu

Inerte

A serviço da passagem

Do existir

Ainda estou contemplando

A teia

As teias

As linhas tênues

Da minha gratidão

Da minha mansidão

Da minha inutilidade

Do projeto

Que desconheço

As aranhas se movem

Eu não

A chuva perpassa e nada acontece com elas

Nem aranhas, nem teias

Enquanto que comigo

Morro serena

A observar

A contemplar...

Maria Mariane
Enviado por Maria Mariane em 24/02/2019
Código do texto: T6583195
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