Fragmentos da alma

“Nada é novo sobre a Terra / nem permanece hodierno
Logo fica obsoleto / o que agora é moderno
Se o hoje vai sendo ontem / só o futuro é eterno.”
 Manoel Monteiro – poeta português.
 
Há certas coisas
Que não se pode
Deixar para depois.
Nada disso interessa
Se o ontem é passado
E o amanhã
É algo distante e intangível...
Somente o agora é real
E onde posso ser feliz!
 
A porta está fechada.
Não adianta bater,
Ela não se abrirá...
Tento fugir em meio a
Fantasias e sonhos
Pensando em ter você por mais um momento
Volto e encontro a porta fechada
Você foi a ilusão que não canso de curtir...
 
Caí!
Caí como uma laranja podre.
Caí como pera madura...
Caí como uma árvore
Quando lhe decepam a base...
Caí...
Agora estou me levantando.
Estou levantando
Graças a solidariedade,
A oração, o carinho
De uma multidão de amigos
Próximos ou distantes,
Reais ou virtuais.
Logo estarei, novamente, de pé
Para principalmente
Agradecer a tudo e a todos
Agradecer a queda!
Agradecer o levantar...
Obrigado!
 
Um dia hei de voltar
Para a terra da magia
Que fica submersa
Um pouco acima do equador
Onde o tempo é fantasia
E a realidade, por mais diversa
Vive ao lado do amor...
 
Estou pensando
Nos livros que não escrevi
Nas árvores que não plantei
Nos filhos...
Estou pensando
Na vida que segue seu curso
No tempo que passa
Nas lembranças...
Saudade!
 
Estático,
Sozinho, parado
Tão quieto, cansado
Olho hoje
Para quem sou...
Trago n’alma
Os sonhos de sempre,
Na vida de sempre
Que nada mudou.
 
Esse ar que congela
Nesse vento frio
Que retalha
[corpo, voz, ritmo]
A alma
É o mesmo frio
Que um dia encobriu
De alguém a mortalha
E para sempre partiu.
 
Eis que surges
Radiosa
Toda prosa
Vaporosa
Na minha tela cibernética
Vens de onde
Neste mundo pequeno?
 
Paixões e desejos
Não têm idades
Têm certezas
Anseios
Devaneios
 
Penso na flor
Solitária na colina
Que se abre para o mundo
E ninguém vê...
Mas,
Mesmo assim
Ela se faz catita
Toda bonita
E se deixa viver...
 
Maringá - PR - Outono – 20-4-2018.