O CORTE

Por que não é lâmina a mão que afaga?

E desmente a pele que se diz tão pura?

Meu sangue, afinal, cortejando a adaga

Não seria mortal, pois no aço há cura.

Não desprezo, tampouco, a dor que trarias

No entanto, menor que a angústia guardada

D´um só golpe no peito, um escape abririas.

Me exponho, não tardes, minha carne te aguarda

Noto que, lânguida, por trás te aproximas

O fio da navalha estremece, anseia

Desejando cortar, extirpar sem mercê

Ruidoso estilete, em meu sangue declina

Filete, serpente, dançarina na areia

É solidão que retalhas, é liberdade o que vês.

RvCarlos
Enviado por RvCarlos em 21/02/2019
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