Inexplicável geometria

Andei por ruas desconhecidas.

Por nomes desconhecidos.

Asdrúbal.

Aristides.

Eurípides

E tanto plural singular.

E tanto singular sem plural.

Somos tão únicos

como clichês.

O burburinho na calçada

Vozes que grasnam fonemas famintos

Semânticas desesperadas que correm

na contramão

Sentimentos fugidios

que embalam os ventos.

Ventos alísios

Ventos contra-alísios

Monções e brisas.

Um sopro de vida

começa por todas manhãs.

Depois vem a chuva trivial.

A chuva que molha toda a tribo.

E todos os costumes.

É quando as lágrimas

não são mais necessárias.

É quando a tristeza

não precisa chegar.

A chuva com sua cheiro de terra.

De entranhas vivas de flores e plantas.

E de céu cinzento e gris.

Há verdades nuas

escavadas nas nuvens.

Há mentiras elegantes

esticadas no varal.

Cinzas, espectros ou fractal.

Há uma inexplicável geometria.

Há milhões de coisas incomensuráveis.

A lotar o horizonte de signos

e significados.

Infinitos microscópicos.

Caleidoscópios

Nossos olhos são míopes.

Nossos ouvidos poupados.

Nossas bocas expressam

somente um pouco daquilo

que sentimos,

que somos

e,que absorvemos.

Desse imenso universo.

Sou a poeira suja

que almeja a rima.

Que arquiteta a cisma.

Que sonha com o lirismo

E, que quer traduzir num só verso

toda a poesia que há no mundo.

No meu mundo particular.

Mundo monocular.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/02/2019
Reeditado em 15/08/2019
Código do texto: T6576591
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