Inexplicável geometria
Andei por ruas desconhecidas.
Por nomes desconhecidos.
Asdrúbal.
Aristides.
Eurípides
E tanto plural singular.
E tanto singular sem plural.
Somos tão únicos
como clichês.
O burburinho na calçada
Vozes que grasnam fonemas famintos
Semânticas desesperadas que correm
na contramão
Sentimentos fugidios
que embalam os ventos.
Ventos alísios
Ventos contra-alísios
Monções e brisas.
Um sopro de vida
começa por todas manhãs.
Depois vem a chuva trivial.
A chuva que molha toda a tribo.
E todos os costumes.
É quando as lágrimas
não são mais necessárias.
É quando a tristeza
não precisa chegar.
A chuva com sua cheiro de terra.
De entranhas vivas de flores e plantas.
E de céu cinzento e gris.
Há verdades nuas
escavadas nas nuvens.
Há mentiras elegantes
esticadas no varal.
Cinzas, espectros ou fractal.
Há uma inexplicável geometria.
Há milhões de coisas incomensuráveis.
A lotar o horizonte de signos
e significados.
Infinitos microscópicos.
Caleidoscópios
Nossos olhos são míopes.
Nossos ouvidos poupados.
Nossas bocas expressam
somente um pouco daquilo
que sentimos,
que somos
e,que absorvemos.
Desse imenso universo.
Sou a poeira suja
que almeja a rima.
Que arquiteta a cisma.
Que sonha com o lirismo
E, que quer traduzir num só verso
toda a poesia que há no mundo.
No meu mundo particular.
Mundo monocular.