Silêncio eterno

Pobre alma

Saiu das àguas turbulentas

Com os olhos colados

Sem poder enxergar

Usando a audição para se guiar

Muitas eram as vozes

E os ruídos a se misturar

Então sem direção

Ela retornou as àguas

Onde todos os recantos eram conhecidos

E o som era calmante

Porém a sua reclusão

Levou-lhe a solidão

Sem forças para nadar

Caíu em um abismo

Profundo e desconhecido

Onde nada se ouvia

Além da sua própria voz

Que ecoava no mar

Então desistiu

E entregou-se ao silêncio eterno

Scarlett

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E destarte,

eis ela a s'encotrar

á deriva de si,

como a navegar no vácuo do cosmos

a não s'escutar

nada...

nada...

nada,

que não fossem apenas

as batidas de seu coração...

e o suave alento

de seus pulmões

Ah, vital harmonia

a que s'ecoava

na memória do tempo...

a de lá jamais nunca fugir...

Oh! eternas palavras

que s'ouvem em silêncio...

na expressão de louvor

maior de noss'essência...

daquela que desconhecia todos os vocábulos

ou demais

palavras que hoj'então emitimos.

Ai, quanta saudade

dos infantes tempos

em que éramos como os anjos

e no silêncio da eternidade

eis então o que era,

em verdade,

nossa real essência,

nosso dharma...

nossa verdade.

Ó alma,

a que se digladia consigo mesma!

E no terror de seu desespero,

eis que s'entrega às nefastas vozes

daquela noit'escura e sem brilho

Do pânico a lhe roubar

a luminosidade de su'alma...

a não mais ouvir a sensatez

de sua natural essência...

e eis que desiste de lutar.

Pobre alma! a deixar o timão de seu barco

como a se achar que lutar

não mais lhe valia a pena...

e joga, pois a toalha.

Mas, quem lhe roubou a confiança e a fé?

E quem lh'ensinou a não mais crer n'esperança?

Pobre alma.

E assim, não mais s'encontra no tempo.

Paulo da Cruz

Scarlett
Enviado por Scarlett em 10/02/2019
Reeditado em 11/02/2019
Código do texto: T6571202
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