O que me conta o espelho...
Ao fitar o espelho
Desconheço meu rosto
Pois minh'alma é antiga
Me tira do posto
Ao pingar a tinta
Nas folhas de papiro
Encarcerada alma
Se liberta no rio
Que debruçam os versos
Pela janela vidrada
Em minha ponte solitária
Entre as noites cansada
Em contraste infindo
Com meu espírito
Que vive a infância
Entre borboletas alcança
A imagem da dança
Numa música tocada
Pelas notas da ingenuidade
Que compõe o piano
Dotado de saudade
De um passado distante
Enquanto isso na torre
Entre o gótico e o melancólico
Repousa a adolescente
Que vive em constante intensidade
Procurando sua verdade
Entre os livros de poesia
Agarrada com o ursinho
E comendo chocolates
Ainda acreditando
No amor infindo
Mas o reflexo do espelho
É de porcelana
Uma mulher estranha
Com uma chave nas mãos
Dona do destino
Envolvida no próprio coração
Moldadora de vasos
Feitos das larvas de um vulcão
Que carrega o mundo
Na palma de suas mãos
Presioneira do próprio verão