BERÇO NOTURNO

Eis que a luz se esvai com a noite nascente das cinzas e sangue do sol

surge sob a bênção dos velhos profetas e deuses

fênix negra e imortal com asas de estrelas cadentes

que que eu isso meu irmão

tu festas bêbado e nu flutuando sobre os anéis de Saturno

não nem pensar seu tolo um sussurro me diz

eu profetizo sob as catedrais do escárnio e as criaturas do passado

- tu é doido cara -

as palavras no crepúsculo ecoam entre os artistas e os drogados

invadem as casas sob as ordens das feiticeiras

enquanto os velhos anciãos erguem as mãos em lepra e súplica ao céu

apesar das crianças nos berços se divertirem de esconde esconde

pois seus pais procuram pelo bicho papão

os pecadores pedem por um novo dia sem se tornar estátuas de sal

já há muitos mares mortos pelo plástico ou radiação nuclear

os governantes criam planos para dominar as mentes

enquanto é tudo escuridão sob esta floresta chamada existência

esquecida neste canto distante no fim da galáxia

bem vindos a este lugar

onde instrumentos de tortura viram relíquias sagradas

enquanto os mártires se reviram na eternidade porque eram vítimas

mas os intelectuais defendiam bandidos e ganharam fama de culpados

não achas tu incrível o que a treva noturna pode fazer com a mente

deitado em frente às janelas do tempo

contemplando as eras imemoriais em que a Terra era uma criança?

tu tá é doido e vai se lascar poeta:(

era uma vez um homem escrevendo um livro

narrava a escuridão em profecias para as gerações futuras

mas suas letras eram realismo em excesso

tentaram tomar suas páginas da força ao talhar de sua carne

porém suas letras alçaram vôo nas redes sociais

os poderosos não puderam derrubar seus memes enquanto suas estátuas caíram

uma donzela de lábios vermelhos e olhos de oceano

sob os cabelos de fogo

dança solitária sob as dunas dos desertos de nossa alma

todas as respostas nas suas cartas de tarô e truques de mágica

mas foi tratada como vagabunda pelos reis e sacerdotes

inveja das modelos e rainhas das passarelas

da última vez a vi voando sob o céu negro nas costas do mais alvo Pégaso

senti ciúme e pedi um pedaço da sua túnica

a qual me deu a fim de curar a cegueira e a maldade

mas o fluxo sem fim de luzes carros estrelas no alto dos prédios

apenas sorri quando nos olha do chão

qual falsas divindades artificiais sem luz própria

deuses à nossa própria semelhança

mas ao buscar ouvir tua voz ó razão só se ouve

cala boca e vai dormir que é madrugada

é quando enfim me abraço à fantasia e ao sonho onde todas as palavras fazem sentido;)