PRISIONEIRO DA PAIXÃO

Permeias secretamente meus recônditos labirintos

Sua voz meiga qual minotauro vaga em meus instintos

Seria o embriagar da fera rumo ao precipício

Ou quiçá o começo do vicinal prepúcio no paraíso!!!?

Toda paixão é louca, insana e cega

Todo apaixonado sua paixão nega

É correnteza que o mar leva

Dando-lhe a onda de Minerva

Quando quer agarrar-se a algo vem a desova

Busca o nada e do nada se afoga...

O que fazer então?

Se até Sansão a ela sucumbiu

Dalila ardilosamente o iludiu

E por sua paixão cegou-se e a todos matou e feriu

A paixão é a maior loucura que se comete

O que fazer então?

Se não subverter-se neste refúgio

Reze dizem alguns cristãos da luz

Para saíres desta pregação na cruz

O coitado do apaixonado prefere

Escutar vozes que só ele ouve

Nas metamorfoses de Ovídio

Eis que o louco busca aquilo que o fere

Mais assim ele entra na sua overdose de suicídio

Paixão pensei ser meu consolo

Iludido me perdi

Ai de mim tão tolo

Querer transformar larvas em colibris

Aprendi que vendo os míseros apaixonados

Usarei meu peito a carpir tal raiz

Que cega o coração alado

Que morre emparedado ao invés de virar cicatriz...

Vê-se que tal amante nunca amou

Lábios carnudos de uma meretriz

E diante da língua o veneno o matou

Tão bela quanto proscrita

Promessa de amor

Em lábios mentirosos

Não vale nem a mão escrita

Toda paixão é curva sinuosa

É querer vestir a rosa

Sem querer ferir-se no espinho

A paixão é decúbito dorsal

É cama que passarinho não faz ninho

É a pedra que faz-nos tropeçar no caminho

E toda vez que levantamos

Outra pedra buscamos pra tropeçar

O amor é um convite de verão que do céu vem

Mais o inverno da paixão arde e queima no além

Mais pergunte quem mais fila engrossa se não

A fila dos apaixonados pelo inferno??!!!

Assim todos vamos nos conhecer

Amando pra descansar e dormir no vale do amanhecer

Ou sumir noite adentro e somente a paixão pertencer!!!

Nada há no mundo mais movediço do que a paixão

Maior gozo não há que esta aflição

É pensar que podemos viver sem uma canção na cabeça

Quando é a cabeça que não vive sem o coração...

Se apaixonar vale a pena

De que valeria a pena

Sem uma prisão?

E se sabendo liberto

Querer por direito amar

E ao sair da grade fria

Vê-se ao raiar da masmorra do dia

A liberdade vazia da cotovia

Em querer aprisionar seu conteúdo naquela cela vazia...PAIXÂO

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 23/01/2019
Reeditado em 23/01/2019
Código do texto: T6557261
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