Um texto sem pretexto
chove rãs e peixes do céu
sanguessugas rolam nas estradas
a lama engole as famílias enlutadas
e os cardeais expugnam o réu
há sinais de uma franca orgia
quem diria na casa do pai
toda a alegria é contagiante
delirante a honra que sai
só nos navios a casa não cai
não sentimos a tristeza que vai
só nos traz mais pesadelos
somos carcaças suadas e frias
aos ossos doamos a alegria
vemos até um peixe no céu
sanguessugas sem ter sangue
e rãs que molham o nosso véu