UM DESEJO

Quisera poder ver o mundo

pelo olhar de uma criança,

sem o brilho falso de córneas adultas.

Faria então dos meus versos

uma alegre brincadeira

de pique-esconde:

De olhos vendados, contaria até dez,

saindo desembestado

à procura de amigos escondidos...

Quisera ter a inocência de uma criança

despregada da lógica

que maltrata a mente adulta.

Ocultaria então os meus monstros

dentro de uma caixinha mágica

de onde jamais sairiam.

E envolto nessa magia

Tocaria as nuvens com as mãos

E as comia como algodão doce.

Deixaria com o Roy Rogers

as algemas do inconsciente

para também ser bom mocinho.

E os delírios compulsivos?

esses ficariam confinados

no laboratório do Dr. Silvana

Até que a humanidade os percebesse

como uma reação normal,

vivenciando-os numa boa...

Quisera ter o brilho

do olhar de uma criança!

Ah como quisera ter a sua inocência!