SUPERNOVA

Silêncio!

Completa escuridão

Nada pode preencher esse vazio

O nome impronunciável da Criação

É a falta que eu sustento

Suspensa no éter por um fio

Não quero fórmulas, nem respostas

Desprezo as soluções milagrosas

Para o seu todo eu viro as costas

Só a imensidão calamitosa

Deste vazio imponderável e absoluto

Conforta e dá sentido de gozo

Quando me inclino no abismo escuro

Do meu olhar sereno e tenebroso

Cesse aqui todo ruído profano

Que um novo Universo se debate

No seio do divino caos humano

E tornará em treva a luz escarlate

De sóis multicores que ora sangram

E morrem pra dar luz a nova vida

Excitados átomos se assanham

Para gerar a luz jamais parida

Feroz e pulsante supernova

Separa a matéria por entre abismos

A vida e a morte se dão agora

Do orgasmo supremo se escuta o grito

Rasgue-se a luz e abrace a treva

Tornando-se una, letal e amorfa

Dessa profundeza um clamor se eleva

Minha sanidade é posta a prova

Eu caio, flutuo, me despedaço

Me faço um só com a Eterna Sombra

Não mais me enxergo no que eu faço

Por toda a minha vida busquei tal dobra

A dobra do vácuo sobre mim mesmo

Não quero outra vez repetir Narciso

Pois busco o sabor de estar a esmo

Não é de um espelho que eu preciso

A imagem que busco não possui nome

Nem forma pregressa a que se compare

É este vazio que jamais consome

Mas que já não fere, inda que esmague

É a forma do caos, do cosmo imenso

Por onde viajam mundos, cometas

De um negror tão belo, fundo e denso

Que não cabe na humana mente estreita

É fúria, é paixão, é amor e guerra

Rugindo em serena e celeste orgia

É céu que em gozo infrene berra

É inferno que em doce paixão silencia

Alan Thanatos
Enviado por Alan Thanatos em 29/09/2018
Reeditado em 11/08/2022
Código do texto: T6462558
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