O CANTO DAS NINFAS
Do outro lado do rio haveria um segredo
Causava medo de provocar arrepio
No meio da mata perto do horizonte
Existiria uma fonte, nascente do rio
Onde atraentes ninfas entoam canções
Cada uma mais bela de falsas ilusões
Reza a lenda que certo dia um pescador
Em plena juventude, valentia e ardor
Ouviu a cantoria, imaginou maravilhas
Ignorou alertas, desafiando o destino
Num ato de desatino, adentrou pelas trilhas
Nunca mais voltou, ninguém mais o viu
Desse tempo em diante, a coragem sumiu
Se o vento assovia, o arvoredo balança
Fecham janelas, alertam a vizinhança
Passam tramelas, protegem as crianças
Ninguém se atreve chegar perto do rio
Preferem ficar onde a ninfa não alcança
Medo e desconfiança não faz bom juízo
Se moça bonita surgisse no vilarejo
Andasse sozinha, ousasse um sorriso
Provocasse nos homens suspiro de desejo
Era motivo de ira de mulher ciumenta
Algumas até jogavam nela água-benta
A lenda reza que um homem surgiu no vento
Nenhuma mãe da vila reconhecia o rebento
Cabelos grisalhos, espalhando brilho no olhar
A Felicidade do pródigo retornando ao lar
Sentou-se no banco da praça e pôs-se a cantar
Uma história de vida e a volta ao seu lugar:
“Do outro lado do rio, não há mistério ou segredo
São as mesmas águas moldando o rochedo
O canto das ninfas é o despertar da ilusão
Enfrentar os medos que nos prendem no chão
Alçar voo livre e escrever nosso enredo
Olhar à frente, seguir perene rumo ao horizonte
As ninfas estão por aí cantando e estendendo a mão
Resta-nos o desafio de encontrar o caminho da fonte”
De repente...
No rastro de uma estrela cadente
Surgiu lentamente
Uma ninfa atraente
Cantando docemente
Estendeu seu véu
Deu a mão ao jovem valente
E desapareceram no céu