Furacão
E lá se encontrava meu estado de espírito,
Era o menino da enxada e da longa estrada,
Suor no peito, coração negro,
Cuspia lamúrias,
Seus olhos tinham a cor da frustração
Sentiu o gosto da miséria impregnar sua língua,
E á noite dormia aos braços do desvario,
Nas mãos, calos e cicatrizes,
Nas costas, asas de cera para encenar o teatro da vida breve,
O espetáculo da morte
E lá se encontrava meu estado de espírito,
Era o menino entre becos e esquinas
Era o menino da fome. Fome de razão,
Foi-se o menino em milhares de cacos,
Ouviu um grito de paz,
E desapareceu na boca de um furacão