Desnudamento

E eu peço:

Só quero ser eu, e nada mais,

Meus ais, meu riso tão meu,

Ateu; se amassa meus jornais,

Portais de mim é luz e não breu!

Ocorreu-me; eu sou coração,

Razão um tanto emocionada,

Calada em gritos, eu sensação,

Ação e inércia, de fé contemplada,

Amada e do amor estação.

Então, no desnudamento me avesso.

Confesso: sou poesia e rabisco,

Cisco no olho, o sentir não meço,

E se despeço; marco, asterisco,

Hibisco e espinho, meu ser impresso,

Ingresso de mim, e sou chuvisco,

Arrisco-me tempestade, tropeço,

Apresso-me em ser feliz e trisco,

Risco meu caminho e me endereço.

Peço: deixe-me ser, apenas ser,

Erguer-me em palavras sem concordância,

Abundância de mim, e as rimas? Nem ter!

Saber o que sou e quero em redundância...

Elegância de alma; peço, por favor...

Flor e perfume e é apenas isso:

Reboliço no dentro de riso e de dor,

Por favor: deixe cuidar-me, o compromisso!

O feitiço da vida me dê de presente...

Atente ao meu pedido, faça-me alegria,

Seria tão só, mente é coração, e inversamente,

Rente o céu e a terra de mim, que ousadia!

Tente, quero apenas me ser, nada mais,

Dos meus ais, cuido eu, e da minha euforia,

A nostalgia eu sei, aportará em meu cais,

Angelicais e diabólicos sentires, eu poesia.

ღRaquel Ordonesღ #ordonismo

Uberlândia MG

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 17/08/2018
Código do texto: T6422262
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