Desnudamento
E eu peço:
Só quero ser eu, e nada mais,
Meus ais, meu riso tão meu,
Ateu; se amassa meus jornais,
Portais de mim é luz e não breu!
Ocorreu-me; eu sou coração,
Razão um tanto emocionada,
Calada em gritos, eu sensação,
Ação e inércia, de fé contemplada,
Amada e do amor estação.
Então, no desnudamento me avesso.
Confesso: sou poesia e rabisco,
Cisco no olho, o sentir não meço,
E se despeço; marco, asterisco,
Hibisco e espinho, meu ser impresso,
Ingresso de mim, e sou chuvisco,
Arrisco-me tempestade, tropeço,
Apresso-me em ser feliz e trisco,
Risco meu caminho e me endereço.
Peço: deixe-me ser, apenas ser,
Erguer-me em palavras sem concordância,
Abundância de mim, e as rimas? Nem ter!
Saber o que sou e quero em redundância...
Elegância de alma; peço, por favor...
Flor e perfume e é apenas isso:
Reboliço no dentro de riso e de dor,
Por favor: deixe cuidar-me, o compromisso!
O feitiço da vida me dê de presente...
Atente ao meu pedido, faça-me alegria,
Seria tão só, mente é coração, e inversamente,
Rente o céu e a terra de mim, que ousadia!
Tente, quero apenas me ser, nada mais,
Dos meus ais, cuido eu, e da minha euforia,
A nostalgia eu sei, aportará em meu cais,
Angelicais e diabólicos sentires, eu poesia.
ღRaquel Ordonesღ #ordonismo
Uberlândia MG