Metade de mim é lágrima.
Outra metade é seca.

Metade de mim é tempestade.
Outra metade é deserto.

Uma parte é luz.
Outra parte é treva.

Uma parte é palavra
Outra parte é instinto.

Uma parte jaz dentro do espírito.
Outra parte dorme sob o corpo.

 A sentir frio.
A sentir afetos.
A sentir solidão.
A amargar a decepção.

Uma parte de mim supera.
Outra parte não perdoa.
Não reclama, mas não perdoa.
E nem esquece.
Registra ocultamente na gaveta
do inconsciente.


Uma parte de mim esquece.
Mas, não perdoa.
Estranha.
E sai à francesa, 
sem se despedir.


Não gosto de despedidas.
Não gosto de um monte de coisas.
Viver com metades paradoxais.
Essa é a natureza humana.
Numa gangorra.
Num dejà-vu

O script está com letras borradas.
E o improviso 
é chamado de livre arbítrio.

Não há liberdade.
E nem arbítrio.
A ilusão da voluntas.
A volúpia de se achar sedutor ou
convincente.
A imaginar-se dominatrix.

A genética nos dita.
A história nos guia.
A geografia nos situa.
E, a filosofia nos embala 
como se fôssemos bombons.

 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 14/08/2018
Reeditado em 14/08/2018
Código do texto: T6419263
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