ILUSÕES SOBRE A MORTE
Se eu pudesse renascer através da morte, assim faria.
Enterraria comigo o medo obscuro e cortante...
A maldita ânsia do porvir e os rascunhos inacabados
Depois de a carcaça banida e mortificada,
sem um sopro de ar nos pulmões
Renasceria de novo, noutra vida, com outros sentidos
Que não esses que marcam minhas sombras agora.
Mas que é a morte senão um caminho só de ida?
Sobretudo ilusão dos passageiros insatisfeitos
Que é? Afora a linear passagem para o desconhecido,
de - sabe ó Deus o que lá espera...
É do profano mundo – a putrefação e lágrimas densas
de sangue nas lápides frias, vertidas de lutos pelos
conhecidos que, sem julgar suas faltas, muito te admira.
E eu, esse ser enfadonho e recorrente de meus vícios
Longe de ser propenso ao bonito, amável e sensível
Talvez um pouco amante da minha narcisa hegemonia
Concluo que a traspasse desejada é a ápice da insanidade
E que são parcas as dores, frente a salutar vida,
ainda que descritas em suas tortuosas linhas.