ILUSÕES SOBRE A MORTE

Se eu pudesse renascer através da morte, assim faria.

Enterraria comigo o medo obscuro e cortante...

A maldita ânsia do porvir e os rascunhos inacabados

Depois de a carcaça banida e mortificada,

sem um sopro de ar nos pulmões

Renasceria de novo, noutra vida, com outros sentidos

Que não esses que marcam minhas sombras agora.

Mas que é a morte senão um caminho só de ida?

Sobretudo ilusão dos passageiros insatisfeitos

Que é? Afora a linear passagem para o desconhecido,

de - sabe ó Deus o que lá espera...

É do profano mundo – a putrefação e lágrimas densas

de sangue nas lápides frias, vertidas de lutos pelos

conhecidos que, sem julgar suas faltas, muito te admira.

E eu, esse ser enfadonho e recorrente de meus vícios

Longe de ser propenso ao bonito, amável e sensível

Talvez um pouco amante da minha narcisa hegemonia

Concluo que a traspasse desejada é a ápice da insanidade

E que são parcas as dores, frente a salutar vida,

ainda que descritas em suas tortuosas linhas.

Eliezer Teodoro
Enviado por Eliezer Teodoro em 29/07/2018
Reeditado em 19/08/2018
Código do texto: T6403863
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