[ ESCRAVOS ]
Grande era a multidão
TOTALMENTE DESPIDOS
Costas latanhadas
ROSTOS SOFRIDOS
Sangue jorrando
OLHOS EM TREVAS
Totalmente cegos
MARCHAM EM TERRA
Mãos calejadas
RISADA FORÇADA
A c o r r e n t a d o s
SEGUINDO O NADA
Sobre
seus
ombros
GRANDES
TRONOS
Príncipes cruéis
UNIDOS POR UM PLANO
Numa mão
Um chicote
Na outra
Um ferro quente
Tudo que mais desejavam
Era humilhar
Aquela gente
POBRES ESCRAVOS
PENSAVAM SEREM LIVRES
EM ALTA VOZ BRADAVAM
O QUE "ELES" PROMOVIAM
Enquanto as correntes machucavam
E eles nem percebiam
HIPNOTIZADOS marchavam
Simplesmente sorriam
Envoltos em cabeças de nuvens
No seu mundo sombrio
Pensando ser um sonho
Embalados por um ritmo
ACIMA DOS PRÍNCIPES HAVIA
O TRONO DO REI OCULTO
SUAS ORDENS SÃO ACATADAS
MESMO BEIRANDO AO ABSURDO
SUA IMAGEM DESFOCADA
CONSIDERADO UM MITO
UMA LENDA URBANA
CHEIA DE ARTIFÍCIO
CRIADA POR QUALQUER UM
EM BUSCA DE ALGUMA FAMA
REALIDADE PINTADA
EM FOLHAS DE PAPIRO
Num cantinho A F A S T A D O S
Existiam os rejeitados
Alguns velhos
Aleijados
Todos flagelados
Boca costurada
Língua cortada
Dentro de jaulas
Leprosos
Sem valor de nada
Porém todos eles
Enxergavam muito bem
E tentavam alertar
Aquele grupo sofrido
E às vezes eles cortavam
As correntes de alguém