BURACO NEGRO
Por esse insano querer que atravessa a alma deixa-se distante a razão
os sentidos mergulhados em mar de torpor e neon
sobre as margens dos litorais urbanos onde as lágrimas cobrem as pontes e os carros
pecados se amontoam pendendo dos galhos
as feiticeiras estendem seus cabelos a prender os inocentes
os astronautas vêem tudo de longe
nada mais humano do que há por perto
enquanto as constelações mantém silêncio
as memórias revolvem-se desde o início da Criação
há loucura na realidade
mesmo o escuro total conhece a luz
o começo e o fim unidos pela eternidade
qual mandala yin yang infinita
lábios com batom negro sugerem aventura
também podem esconder delicadas virtudes
pouco importa
há um animal em cada coração
hiena pronta a sorrir pela queda da presa
- antes tu do que eu mano -
é quando o sangue toca os lábios e o inocente embriaga-se de cólera e vício
enquanto a pomba da paz afunda num poço de lama e esgoto
que a Filosofia e a Ciência nos salvem pois psicólogos enlouqueceram por uma mulher
haveria um Ares sem Afrodite?
e como partícula e onda nessa existência a face por trás da maquiagem
torna-se um buraco negro a nos levar ao desconhecido