BURACO NEGRO

Por esse insano querer que atravessa a alma deixa-se distante a razão

os sentidos mergulhados em mar de torpor e neon

sobre as margens dos litorais urbanos onde as lágrimas cobrem as pontes e os carros

pecados se amontoam pendendo dos galhos

as feiticeiras estendem seus cabelos a prender os inocentes

os astronautas vêem tudo de longe

nada mais humano do que há por perto

enquanto as constelações mantém silêncio

as memórias revolvem-se desde o início da Criação

há loucura na realidade

mesmo o escuro total conhece a luz

o começo e o fim unidos pela eternidade

qual mandala yin yang infinita

lábios com batom negro sugerem aventura

também podem esconder delicadas virtudes

pouco importa

há um animal em cada coração

hiena pronta a sorrir pela queda da presa

- antes tu do que eu mano -

é quando o sangue toca os lábios e o inocente embriaga-se de cólera e vício

enquanto a pomba da paz afunda num poço de lama e esgoto

que a Filosofia e a Ciência nos salvem pois psicólogos enlouqueceram por uma mulher

haveria um Ares sem Afrodite?

e como partícula e onda nessa existência a face por trás da maquiagem

torna-se um buraco negro a nos levar ao desconhecido

Ronaldo Thomé
Enviado por Ronaldo Thomé em 07/07/2018
Reeditado em 07/07/2018
Código do texto: T6384190
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