CARNE (VEIAS E ARTÉRIAS)
Mas esta vida nos torna pedaços de carne
bonecas de louça e pano espalhados pelo chão
depois da tempestade jogaram o copo d' água
enquanto a pomba da paz se embebedou de vinho
então cá estamos
veias feridas e artérias abertas
vísceras expostas aos lobos e hienas
risadas e latidos por todos os lados
nossos gritos suplicam por misericórdia
mas chamas abafam agora nossas vozes
como andar pelos cadáveres
segredos e mentiras
os crimes que espalhamos pela escuridão?
talvez a espera pelo amanhã
enquanto as feras
porquanto a consciência se cala
o silêncio da alma sempre fala alto demais