IDENTIDADES
Eu me entendo muito bem...
Sei aonde aperta o calo...
Montada no meu cavalo,
Não dou boca pra ninguém...
Meu chicote apressa o trote...
Sequer quero que me notem...
Dou gostoso piparote,
Nessa imagem concebida...
O que sou não interessa...
Manterei-me em meu mistério.
Qualquer rótulo me engessa,
E me anula o cemitério...
Sou o vento em disparada...
Dor velada assintomática...
Essa curva enovelada..
Verso em rima acidentada...
No mundo voz atrevida,
Que grita sem ser ouvida...
Verdade que se esquiva,
De uma fé que é suicida...
Tentando subsistir,
Disforme do rotulado,
Neste corpo a resistir,
Sei-me ser, o que sonhado.
Não me faço de rogada,
Deixo a imaginação rolar...
Arme quem queira a cilada...
Arrisque o seu palpitar...
Veja o metamorfosear,
Dessa estranha borboleta,
Que da vida obsoleta,
Fugiu... Achou seu lugar...