Ensurdecedor silencio
Muitos temem o silencio e os ensinamentos que o acompanham.
Mas se paramos para pensar, ele nos acompanha nos momentos mais decisivos do ciclo humano e mortal.
Nascemos e somos impelidos a quebrar o silencio.
Há quem diga que na morte, o primeiro sinal da passagem é o silencio.
Nas passagens que já fiz, nas viagens que não pedi para fazer, mas fui obrigada, o silencio me acolheu.
Ele é carinhoso, amigo e principalmente paciente.
Dá-nos lições preciosas e que simplesmente desperdiçamos, com a inexperiência e a exigência do agora.
Ainda assim existem aqueles que confundem um ser silencioso, com um ser enfraquecido, inexpressivo.
Tolos estes que se perdem em pensamentos tão inúteis, o silencio é só um sinônimo que o ser humano criou para aquilo que ele não pode ouvir, ou se nega a fazê-lo.
Existe, no silencio, um barulho tão ensurdecedor que somente os dispostos estão aptos para recebê-lo.
Subestimar o poder do não dizer, do som da serenitude, é um convite ao perecimento.
Nunca cometa o erro de ver um Haroun, com o augúrio Theurge, silencioso, e acreditar que você possa engana-lo ou zombar dele por muito tempo.
Com o silencio, os instintos do Haroun só estão apenas contidos, não se iluda, que com a mesma calmaria que ele lhe observa, pode desferir sua decisão.
E o silencio também tomará o coração daquele que não soube acautelar-se.