MEUS PAVIOS
Fui ao seu encontro na catraca do metrô,
Chegando lá perdi o meu lindo pivô,
Que susto minha gente, tive naquele dia,
Pois ela chegou toda sorridente e arredia.
- Oi meu amor, cá estou toda sua,
Com a mão sobre a boca olho para a rua.
- Não vai me dar aquele abraço tão real?
- Desculpe-me, mas ainda me sinto um virtual.
- Vim de tão longe pra lhe dar o meu amor.
Caramba! Como faço pra tirar esse torpor?
Abracei-te sem beijar a tua boca caliente,
Pois a vergonha arrasou esse ser coerente,
Por causa da falta de um dente postiço,
Separou-nos de vez daquele feitiço.
Ela se foi e me deixou vendo navios,
Olhei para mim e agucei os meus pavios.
Nada é como a gente quer,
Mas não perco a esperança de ter uma mulher.
APARECIDO CAMPOS