A Janela do Tempo

O amanhecer desdobra-se,

Depois de uma noite tempestuosa

Espessa, emaranhados galhos,

Nuvens e vazio

De um ponto esquecido,

De uma sensação esquisita

Grita em meu peito,

A voz que emana da janela

Do lado de fora, pequenos seres

Todos tão miúdos, entreolham

Para minha esquecida pessoa inerte

Mas um em especial me escolheu

O bico enegrecido, os olhos inquietos,

E pés tortos, um para cada lado,

penugem azul e rala,

Trazia consigo

Um presente a um amigo

Murmurou em meu ouvido:

Voe e veja que somente eu vejo

Não posso seguir contigo,

Não posso lhe mostrar o caminho,

Tome este par de asas,

Que eu tomarei teu lugar na janela

E eu com um par de

Frágeis asas surradas

Decolei no mundo

E eu com o coração

Apertado

voei rumo ao desconhecido

A estranha coisa chamada tempo passou,

E eu retornei a janela

Mas não pude reconhecê-la

Já não era mais eu e então

nem a mesma janela

E o pássaro era agora a ilusão

De um triste pedaço de ser humano

Na sua segura prisão

E agora, eu apenas lamento,

Apenas posso imagina-lo

Com seus tristes olhos

Da sua janela a me amaldiçoar