O HOMEM DE DOIS MIL E DEZOITO ANOS

Dois mil e dezoito anos se passaram

um lapso temporal, um colapso de transformações

a novidade é antiga feito rocha

a história tá gravada, tatuada e imobilizada

quantas idéias você viu morrer?

quantas cópias foram aplaudidas de pé?

onde está João, Pedro, Paulo, Maria e José?

onde leva o fim desse túnel que você não vê?

O tempo passa, está passando, passou para você

o homem que traz dentro de si o bom e o ruim

o belo e o feio

o triste e o feliz

se cala quando deve falar

e grita onde pede-se silêncio

Diante dos anos de passagem terrena

não deixe nenhuma página em branco

nem sequer rabiscada, sem se fazer entender

pois desde que o tempo é tempo

o sol é sol, o mar é mar e o vento é vento

O homem de dois mil e dezoito anos

parece velho demais para quem não o ensina

sábio demais para quem não o desafia

injusto, amargo e severo para quem não lhe canta uma canção

mas, continua lá de braços abertos servindo de abrigo

para os anos que irão chegar

Nunca ninguém viverá tanto quanto o homem

sua idade ninguém jamais alcançará

tantos filhos, um número que só cresce

suas mãos tocam rios, montanhas e vulcões

seus pés oceanos, savanas, se lavam no mar

sente frio, calor, passa fome, vive a se indignar

anda meio sem credibilidade

mas o homem nunca desiste de sonhar

Anda a pé, vive de fé, punhos cerrados, braços no ar

barriga vazia, peito estufado, pulmões cheios

olhos arregalados e coração a palpitar

Certo que disso tudo, nada é novo

nem letra, nem frase, nem o homem nem o povo

muitos anos se passaram e irão se passar

e o que aqui esteve hoje, amanhã ainda estará

quem muda com os anos não é o tempo

é o jeito de se comportar.

Saulo Reis
Enviado por Saulo Reis em 03/03/2018
Código do texto: T6269907
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