EM LINHA “ISO”
Sob o foco dum telescópio...ao presente mundo.
Na minha pressa incontida,
Sempre na inércia
De bater e seguir,
Dou cordas ao sentimento.
Nunca entendo.
Olho a multidão que vai
Com o todo muito igual
Dos seres alienados
Pelo destino incerto.
Dou corda às cordas
Sem ritmo,
As que sustentam e ejetam
Minha sístole branda,
Algo anestesiada e heróica.
É preciso circular sangue
Pela poesia que corta.
Em versos amórficos,
Mimetizo a vida ISO
-Essa de todos!-
Na respiração
Que segue ofegante.
Vibro no milagre da flor que brota
Bela e rápida,
Dentre o oxigênio já escasso.
Eu e ela
Nos revitalizamos.
Afinal,
Somos só mais duas vidas ISO,
De mesmo jardim,
Dentre tantas.
Mas logo nossa linha se funde
E se contorce
Na mesma mazela que explode
Lá fora ...
Embora
Sempre dentro da nossa onda de diástole,
Pausa breve e assustada,
Nessa tão efêmera linha de repouso.
Qual o do suspiro
Da esperança que insiste em todos nós.
Volto na Iso de mim.
Voltamos, aliás.
Ensaio uma parca arritmia pungente
Todos em volta gritam” viva”!
Porque viver sempre foi urgente.
Ainda que arritmicamente
Iso-doente.
É preciso circular sangue
Pela poesia que chora.
Pelo monitor de pulso,
Olho o traçado trêmulo
Dum mundo que agoniza
Em “parvus-tardus”!
Arrebentando a linha
Da vida de si mesmo.
Bombardeio dos corações...
Aos corações.
Surrealismo indecente.
Uma vaga extrassístole
Brota de repente de mim
Como à flor!
A nos desenhar
Um sopro,
Um viço.
Um ainda,
Um “agora vai!”,
Um “embora”,
Um “apesar de”...
Um milagre, quem sabe!
Mais um Iso-jardim.
É preciso circular sangue
Pela poesia que resfolega.
É como se lançar adubo fresco
Numa Terra... minada de senso abortado.
Num súbito mistério
Daquilo que nunca se explica,
Ressuscito qual flor mandada,
Da mesma linha Iso de nós.
Nós,
Flores delicadas, trôpegas e inquietas,
Embora plenas e majestosas
Como a poesia!
Pronta para viver,
Na direção da única linha de chegada.
Verso de vida.
Vida a qualquer custo!
É preciso circular sangue
Pela poesia que rebrota.
Laudo o monitor do universo,
E versejo o seu traçado:
Ainda que em linha ISO...
A poesia sempre nos sobrevive.