Fugaz

Mui cruciante é o mourejar perante os teus escudos

é interpretar tua insânia em julgamentos escusos

e estar confuso ante os temporais

Dói em meu seio

o censurar de desejos

e me faz frio

insatisfeito e fugaz

No mais, tardio

me esvazio no arritmo acerbo que não queima

mas qu'inda teima

que dessa seca possa haver ustão...

Posso sair

sem pretensão de voltar

posso voar

volver-me noutra pessoa

posso fugir

sem ter que desmoronar

e me esquecer

nessa inócua aventura...

Posso, com o fim

deixar que penetre a cura

ou posso, em mim

sem remorsos, te matar

mas vou, de ti

audaz, me suicidar...