Um imenso clarão
Nem sei mais o que pensar
Sobre as pedras que não ganhei
Sobre as histórias que não ouvi
Só o silêncio e nada mais
Como um barco lindo que se foi
E que nunca mais voltou ao cais
Fico imaginando mil e uma coisas
Algumas totalmente absurdas
Outras irremediavelmente verdadeiras
Preciso de notícias urgentes
Saber por onde anda aquele escritor
Que escrevia cartas freneticamente
Sem saber que falavam de amor
No meu corpo ainda tatuado
Pelas lembranças nunca esquecidas
Onde anda aquele pintor
Que nas loucuras das horas eternas
Usava meu corpo como tela
Sem perceber que o desenho esquisito
Daquele balé onde tudo era permitido
Deixaria impregnado nossos gritos
Por onde anda aquele ladrão
Que roubou minhas angústias e solidão
Que levou embora minhas noites escuras
Que rasgou minhas doces amarguras
E agora só clarão....
Um clarão que dá pra ver
O que eu não quero ver..
Um imenso clarão.....