Eus
Eu, a que me refiro, são dois eus,
que respondem por mim à revelia:
aquele que se rende à poesia
e outro que imagina ser um deus.
Um deles diz ao mundo que sou eu,
o outro simplesmente me ignora,
e ri de mim enquanto aquele chora,
e vai, e volta, e nunca diz adeus.
Um deles diz que nunca vai embora,
o outro parte e volta, a qualquer hora,
sem me pedir licença e sem razão.
Um deles diz que sou sua morada,
o outro, quando muito, não diz nada,
e quando diz, me corta o coração.
Eu, a que me refiro, são dois eus,
que respondem por mim à revelia:
aquele que se rende à poesia
e outro que imagina ser um deus.
Um deles diz ao mundo que sou eu,
o outro simplesmente me ignora,
e ri de mim enquanto aquele chora,
e vai, e volta, e nunca diz adeus.
Um deles diz que nunca vai embora,
o outro parte e volta, a qualquer hora,
sem me pedir licença e sem razão.
Um deles diz que sou sua morada,
o outro, quando muito, não diz nada,
e quando diz, me corta o coração.