Não Creem em mim
 




Não creem em mim quando eu digo
Que eu a vi,
Bem ali, naquela nuvem
Que desliza entre as duas montanhas.
 
Eu te diria, se tu cresses,
Das noites em que ela me veio
De um outro mundo
Durante meu despertar.
Trazia nos olhos um brilho estranho,
Não sei se de felicidade
Ou de pena.
Nos lábios, um pálido rosado
De quem já ressuscitou.
 
Eu te diria, se tu cresses,
Dos lugares onde ela esteve,
Das histórias que me contou.
A sua pele era branca, sem marcas ou dobras,
Um semblante sem idade
Que trazia, em si, todo o tempo que já existiu.
 
O seu riso era tão fácil,
Mas as lágrimas, também...
Ela tinhas as mãos na cintura,
Usava um vestido leve
Todo enfeitado de flores.
Ah, eu te diria muito mais!
Mas... eu sei que tu duvidas.
Ela me falou, numa certa noite,
E o que ela disse está guardado
Em algum lugar da minha memória
Do qual eu me esqueci;
Mas as palavras estão todas lá, vivas,
E elas aguardam o tempo de serem ouvidas.
 
E quando eu me sento no jardim,
Cercada de verde por todos os lados,
Ela passa, de repente, e com pressa,
Sopra uma folha de árvore, que balança
(Embora não haja nenhum vento)
Só para me dizer que está ali.
 
E eu te diria, se tu cresses,
Que ela um dia caiu com a chuva
E, escorregando a mão sobre a minha vidraça
Escreveu as letras deste poema.



 
 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 17/01/2018
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