O menino da janela
Garoto triste que olha para janela
Vê a chuva cair,
Sua imaginação é poderosa...
De sua janela observa o homem de pernas grandes caminhar
E tocar sua gaita.
Ele abaixa sua cabeça e sorri para o menino,
É o primeiro sorriso do garoto...
Logo um coral vem cantar em sua janela
Um incrível teatro começa,
Com vários personagens que vazem o menino chorar...
É tudo tão lindo de sua janela
Uma linda opera fora cantada para ele,
E o menino aplaudiu com olhos cheio de lagrimas,
Era tudo tão lindo...
Todo dia tinha surpresas
O menino que falava sozinho,
Aquele que as velhas da cidade diziam que tinha parte com o Demo...
O pequeno menino, magro e de olhos tristes,
Mas, tinha mais amigos que nós,
Ele nunca estava sozinho de verdade...
O doce menino que via de sua janela
O desfile de cavalheiros
Todos aqueles cavalos, e espadas,
Era lindo...
Um dia passou em sua frente
O velório de um vizinho morto,
Todos estavam tristes
Menos a viúva que herdara uma fortuna...
O menino olha para ela, e ela abaixa a cabeça,
Como se soubesse do que o menino sabe,
A verdade...
Depois da chuva silenciosa
Veio o circo,
Aquilo sim que era mágica!
Mágicos estranhos
Tropeçando em seus próprios pés
Palhaços bêbados,
Que eram mais engraçados que os outros...
Assim era a vida
Estranha e sem explicação,
Nunca se tinha uma resposta
Tudo era estranho.
Fadas... Lindas fadas dançam em frente à janela do garoto
Todas bem arrumadas,
Todas sorridentes para ele
O pequeno menino que vivia no mundo da lua...
O garoto era tão bom que fez um canguru levar seu pai embora
Pois o mesmo batia em sua carinhosa mãe...
Pra onde foi seu pai, ninguém sabe...
Mãe e filho se davam muito bem
Um estranho com roupas de couro quis levar sua mãe embora
Logo se viu cercado de duendes e teve que ir embora sem as calças...
Garoto bom sonhava com coisa ruim
Em seus medos existia a solidão
Que comia os pais das crianças,
Mas ele estava preparado...
Em noite fria sua mãe morreu
Dera o ultimo cobertor para o filho único
A mãe dura na cama, morta de frio...
Já dizia o pai bêbado
“Nenhuma loucura é maior que a cabeça, pois não caberia”.
Assim o menino se lembrou vendo sua vida confusa demais...
O grande menino pelo mundo se foi
Sem medo ou tristeza
E com um gigante viu o universo.
Ele tinha oito metros e era tímido
E muito sábio já tinha quinhentos anos de idade,
Era um gigante com senso de humor,
Não comia nossa carne como diziam as lendas...
Uma calunia, dizia o gigante.
E o menino viu alem da tristeza e solidão
Um universo estava ali
Lindo de se ver...
Ele e o gigante fizeram um enterro apropriado para a mãe do garoto
Eis o fim do começo de sua vida,
O gigante apontava para o horizonte e sorria.
O garoto com a cabeça na lua
Ia indo sem rumo e feliz,
Conhecendo as pessoas e as culturas
Era tudo lindo...
Muito amigo fez,
Na cidade grande viu um temporal se aproximar
Todos ficaram com medo
Era o homem de pernas grandes,
Veio dar um oi...
Os editores de livros gostaram dele
Queriam ouvi-lo
Desde o começo de sua vida,
De sua janela solitária a um circo particular...
O antigo menino de olhar triste
Hoje um homem que ganha mais que nos,
Más, ele merece.
Sua pequena cabeça de criança sempre criativa,
Seu medo do escuro, medo de ficar sozinho,
Pobre homem de olhos tristes,
Que tanto tem a contar...