Minha parte morta

Num início de tarde, dessas insignificantes

Eu conversei com minha parte morta.

Perguntei-a:

Por quê morrestes?

Vivestes tão intensamente

Tão bem seus poucos dias de vida

E agora parece que nunca existiu.

A qualquer momento essa parte de mim morreria.

Eu vivo matando uma parte de mim

Num tal de ritual de transição

É algo necessário.

Entre multidões, eu sempre visito

minha parte morta

Ouço seu silêncio e a sinto...

Como as folhas das árvores quando são tocadas pelo vento.

Elas até sorriem.

A minha parte morta está sempre viva dentro de mim.

No panorama de minha figura humana, ela sempre está lá, adormecida...

Por vezes, vaga

Só vaga, e não busca compreensão...

Gracy Morais
Enviado por Gracy Morais em 27/12/2017
Código do texto: T6210143
Classificação de conteúdo: seguro