PORTUGUÊS CASTIÇO
Eu sou uma caçador,
E gosto de caçar veados,
Eu os mato... eu os como...
Prazer antropofágico!
Onde tudo é caça, tudo é caçado,
Tudo é poética!
Eu odeio bichas!
Bichas nas estradas...
Bichas nas repartições públicas...
Bichas barulhentas!
Mas até gosto de ficar na bicha se for do meu interesse!
Bichas são coisas retrógradas de países burocráticos!
Eu sou um pintor.
E gosto de pintar com brocha,
Mas eu não brocho! Bom... bem... as vezes!
Se falhar, brocho-me aos azuizinhos e... Voilà!
Eu sou um coveiro,
E como coveiros,
Eu como mortos,
Que nada mais são; que carne!
HOMENS, homens, MULHERES, mulheres,
Todos adubos de minha linda horta,
Do meu carneiro, campo-santo, necrópole...
Eu sou um pintor!
E pinto com meu pinto,
O meu pinto de toda cor! Piu... Piu...
Mas odeio ficar com minha espátula,
atrás da bicha... Odeio Bichas!
Bichas são filhas da demagógica burrocracia!
Eu sou um Dali!
Um artista!
Um pintor de palavras, emoções, sensações!
Eu sou um artista!
Que grande artista que eu sou!
Grito feito um Nero piromaníaco!
Eu... Sou um artista!