Outro plano
No seu trabalho, na família
O ser social como meta de estudo
Script que ensaia “o repete” todo dia
Com personagem ganhando conteúdo
Mas o recheio era de estopa
Para suprir o vazio de suas utopias
Para a sociedade ia de vento e popa
Mas a verdade? Só ele sabia
De exemplo a ser seguido
Pelo seu respeito às convenções
Interior banido
Nada de fortes emoções
Mas o esforço era recompensado
Olhares de admiração ignoravam a guerra
Mal sabiam que ele poderia se sentir prensado
Por sete palmos de terra
Uma fita chamada “reconhecimento“ para dar jeito
“extenuado” poderia ser a palavra da vez
Como medalha para ser cravada no peito
Justificando com honras o que não se fez
Mas à noite quem diria?
Causa espanto um segredo
Um sorriso escapa por teimosia
Parece que nunca existiu o medo
Tela, teclado, caneta, papel como chaves
Uma alegria, pois já vislumbra o portal
Com uma mente de astronave
O teletransporte é coisa natural
Ah! Viver em outro plano
Então é por isto que das dores sorria
Acho que até sonhou ser um humano
Mistério revelado: ele era a poesia.