BRAÇOS MECÂNICOS
O braço mecânico da fábrica é preciso.
Inverdades são para os emotivos.
O braço mecânico da fábrica
manobra no espaço amarelo.
O braço amarelo mecânico da fábrica
manobra apenas nesta cor.
O braço mecânico tranquilizado
ajuda engendrar o frasco dourado
do aerossol.
O braço mecânico não se agita
antes de virar,
nem se importa
com o conteúdo sobre pressão
que fabricará.
O braço mecânico da fábrica
atua de um modo diferente
da loira do cinema.
Ela anda pelo boulevard da cena
e paralisa a tela da tevê,
enquanto você vai à cozinha
trazer a cerveja
para a continuação
do teu vício em álcool.
Você retorna, aciona a loira
pelo controle remoto
e ela prossegue,
mecânica, dourada,
dentro da película antiga.
No entanto,
parece pelo olhar,
a loira se preocupa
com teu enrosco afetivo.
A tua dor de amor
que chega à pressão suicida.
A loira olha,
mas não pode ajudar.
Sua existência audiovisual
ainda depende da repetição.
Ela para,
levanta o braço,
rente ao peito do parceiro eterno e diz:
"Leave me alone...”
DO LIVRO: "O ÚLTIMO FOGUETE"