Anoiteça e Amanheça Jasmim

Até que os teus olhos anoiteçam

Não ouvirei mais os batimentos

Do teu coração, que jorra sangue

Violeta-vermelho, da cor de carmim

Até que teus órgãos pereçam

Não entenderei mais teus lamentos

Que escapam de feridas estanques

De artérias e veias que se cortam em mim

Até que tua boca amanheça

Seca, branca, e fria em sedimentos

Não deixarei que derramem

Lágrimas sobre teus sonhos sem fim

Até que teu olfato se esqueça

Dos odores que trazem o vento

Não deixarei que te amem

Como fazem traidores de querubins

Até que teu cabelo apodreça

Não deixarei ao relento

Não deixarei que te deixem

Como simples lembrança em pedra marfim

Até que teu espírito apareça

E, vivendo, não mais podendo,

Aí deixarei que te levem

Onde moram as almas vestidas de jasmim