Sonolência

Sonolenta

me aconchego

no teu abraço

lá fora a vida

dobra a esquina

buzinas e freadas

inundam meu silêncio

sonolenta

da porta do bar

fétido

a morte pede

a décima dose

sonolenta

você se vira

e eu acompanho

teu movimento

ainda dentro

do teu

abraço

chuva fina

cortinas fechadas

penumbra

meio-dia

sonolenta

música vinda

de longe

uma marreta

que bate

pássaros amoitados

vidros suados

sonolenta

abro os olhos

persigo teu corpo

inanimado

toco teu rosto

com um sorriso

sonolenta

a vida dobra a esquina

vigéssima dose

pessoas desafiam

a garoa

sem pressa

sonolenta

me arrumo

dentro do teu abraço

solidão

cobertas

nós dois?

sonolência

Nina Godoy
Enviado por Nina Godoy em 05/11/2017
Código do texto: T6163010
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