Sonolência
Sonolenta
me aconchego
no teu abraço
lá fora a vida
dobra a esquina
buzinas e freadas
inundam meu silêncio
sonolenta
da porta do bar
fétido
a morte pede
a décima dose
sonolenta
você se vira
e eu acompanho
teu movimento
ainda dentro
do teu
abraço
chuva fina
cortinas fechadas
penumbra
meio-dia
sonolenta
música vinda
de longe
uma marreta
que bate
pássaros amoitados
vidros suados
sonolenta
abro os olhos
persigo teu corpo
inanimado
toco teu rosto
com um sorriso
sonolenta
a vida dobra a esquina
vigéssima dose
pessoas desafiam
a garoa
sem pressa
sonolenta
me arrumo
dentro do teu abraço
solidão
cobertas
nós dois?
sonolência