Caminhos - Uma inexorável queda em risos e prantos - LI
Quisera eu
poder fazer da dor
de sua partida
apenas um retrato,
onde se crê que quem
parte um dia também
retorna com o melhor
sorriso embrulhado
entre sonhos e quimeras,
quisera eu fazer
de minhas lágrimas
um deleitável riacho
para banhar nos
com o que de melhor
somos e com o que
de melhor
poderemos ser,
quisera eu voltar
no tempo e transformar
todo verbo dilacerante
em delicados cortejos
muito bem versados
com brandura e alinho,
quisera eu
controlar todas as
minhas inquietaçoes
e convidar-te para descansar
num provável céu em remanso,
quisera eu mostrar
que minhas loucuras
nada mais são que meu
amor dançando nu
numa réstia de esperança
que busca em máxima
um pouco de abrigo e afeto,
quisera eu dizer-te
perante teus olhos negros
que a muito não sou
sem tua presença tão
ímpar,
quisera eu poder
te amar onde os anjos
não existam, tampouco
onde construam
pontes inatingíveis...