Céu sem cor
Tudo chegou ao fim,
O senhor de preto carrega as velas já acessas.
Acabaram as agruras e misérias...
A madrugada fria se esvai, já não sei onde estou.
Agora, pouco importa o destino.
Quem sabe o mais ralo dos porões,
O mais sujo dos lixões,
Tanto faz... Tanto faz...
Tragam tudo, já!
Os grandes e pequenos gestos,
As anotações e canetas.
Tragam os restos do que foi deixado na estrada,
Os restos de tudo, os restos de nada.
Acenda também a fogueira, o dia já escureceu...
Soltei a muleta que sustentava os céus,
Todos caíram no inferno que é a realidade.
Não havia nada lá.
Havia um céu sem cor, olhos sem dor.
Quando percebi, a luz apagou.
Curaram-se os medos e as dores,
Naquela noite de sábado em algum lugar
O dia não amanheceria. Não mais...
Era o fim do nada onde tudo aconteceu.