"A essência da ironia consiste em não se poder descobrir o segundo sentido do texto por nenhuma palavra dele, deduzindo-se porém esse segundo sentido do facto de ser impossível dever o texto dizer aquilo que diz." Fernando Pessoa
Ironizando o verso
Se hoje eu sou poeta, amanhã
talvez eu seja apenas a promessa
do que quero fazer e a hora é essa
de pousar o costado no divã.
Se hoje eu sou artista, não me peça
para fazer papel do bom mocinho,
pois há muitos dejetos no caminho
e não posso apanhar, pois tenho pressa.
Se hoje eu sou um nó no colarinho
do garçom que serviu a sobremesa,
amanhã serei outro, com certeza,
pois a rolha caiu dentro do vinho.
Se hoje eu sou apenas bon vivant,
amanhã vou ser eu, versão completa,
que cansou de fazer a coisa certa,
dês que Deus fez purê da tal maçã.
E se hoje eu cair do rolimã,
amanhã, finalmente, eu sou poeta.
Ironizando o verso
Se hoje eu sou poeta, amanhã
talvez eu seja apenas a promessa
do que quero fazer e a hora é essa
de pousar o costado no divã.
Se hoje eu sou artista, não me peça
para fazer papel do bom mocinho,
pois há muitos dejetos no caminho
e não posso apanhar, pois tenho pressa.
Se hoje eu sou um nó no colarinho
do garçom que serviu a sobremesa,
amanhã serei outro, com certeza,
pois a rolha caiu dentro do vinho.
Se hoje eu sou apenas bon vivant,
amanhã vou ser eu, versão completa,
que cansou de fazer a coisa certa,
dês que Deus fez purê da tal maçã.
E se hoje eu cair do rolimã,
amanhã, finalmente, eu sou poeta.