Os travesseiros das árvores

1

A fantasia começa nos dentes do cavalo

Os meus dedos estão cheios de cupins

Que comem até o laranja dos meus ossos

Vento que corta os gritos

Os planos são uma tortura

E os números são baratas

Queimadas pela luz úmida do Sol

Eu também sou número

Torneira

Avião

2

A morte é colorida

É sonora

É uma velha louca cheia de argolas

A morte é prateada

O fim tem o cheiro dos limões

Dos limoeiros que nascem dentro das gavetas

E do céu de junho

Que espelha sangue e merda

A morte é o ônibus que passa

Que come as ruas de asfalto

E vira um mancebo cheio de cabeças

A minha alma sangra pelos meus olhos

Que descem pros meus joelhos

Deixando a minha cara vazia

Agora a noite traz o frio

A morte é colorida

É sonora

É uma velha louca cheia de argolas

A morte é prateada

3

Ela desceu da janela

Em forma de silhueta destorcida

Enrolada em fitas de plástico