Minha caneta é uma navalha;

Penso na possibilidade de escrever.

De criar pelo menos uma linha.

Mas uma linha é escrita por meus medos,

É o caminho dos meus pesadelos.

Minhas palavras são esgotos debaixo da cidade

dos mortos; túneis que se misturam

ao rostos dos cadáveres, um espelho

que cospe os restos dos meus ossos.

Minha palavra é uma peste,

Que no meu corpo

dança.

E minha caneta:

É uma navalha

nas mãos de uma criança.

P Neto
Enviado por P Neto em 12/10/2017
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