Minha caneta é uma navalha;
Penso na possibilidade de escrever.
De criar pelo menos uma linha.
Mas uma linha é escrita por meus medos,
É o caminho dos meus pesadelos.
Minhas palavras são esgotos debaixo da cidade
dos mortos; túneis que se misturam
ao rostos dos cadáveres, um espelho
que cospe os restos dos meus ossos.
Minha palavra é uma peste,
Que no meu corpo
dança.
E minha caneta:
É uma navalha
nas mãos de uma criança.