Estou reeditando este poema de 2011 para dar um abraço nos amigos Mario Sérgio Andrade e Lilian Reinhardt, que então fizeram a sua intertextualização me honrando com o seu talento.  Eu sempre gostei de comentar com textos poéticos inspirados no poema lido.
Fica a dica.






RIMA DISSOLUT


Misturo barro e água
boto na forma
e ponho na fornalha.

Minh' alma queima 
viro um retângulo de massa bruta.

E que sou eu então...
massa falida
causa  perdida
caldo entornado?

Minha alma queima
bebo da vida fatal cicuta

Quem sou eu, afinal
um nada, verme, flor fanada?

Minha alma queima 
viro um retângulo de massa bruta
Quem sou eu, venal?

Ah,  não... não farei...
esta rima...
dissoluta!

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No vaso moldado
Do fogo e da luz
Serei braço e aço
Ou aquele que jaz
Deitado em sua alma
Nem rima terei
Para o que não sei
Verdade absoluta
ou vontade resoluta?

                              Mario Sergio Andrade

(E estes versos do poeta ... como ficar calada? ...)


das asas deste véu
as luzes refletem caos
forjados em carnes cozidas
em vidas falidas
Fogueiras inteiras
de versos incinerados
ao arder do fogo da alma
que em si se retalha
e se espreme em sumo
de solidões inatingíveis

  
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Vaso alquímico
de escuridão e floradas
forja secreta
donde brotam as torrentes da alma
essa argila que no fogo
os olhos tem acesos...(revoando eu)
 

   Lilian Reinhardt

( Tua voz Lilian, sempre bem vinda nesta casa.  Bebemos todos desta tua fonte inesgotável e abençoada e nos confortamos com ela, e nos comprazemos nestes diálogos de poesia em comunhão.)