ARMISTÍCIO
Quando acordei,
Já era ela.
Vinha toda perfumada,
Radiante
Irradiante de sóis.
Vinha em passaredo
De sonhos,
Em tênues asas de cores,
Como vimos todos:
Pássaros pelos amores
De primeira voagem.
Vinha algo distraída
Pelas ruas da cidade
Em impensada insanidade.
Vinha como as borboletas
Às metamorfoses alheias,
Jóia às vidas obsoletas:
A chegar para mudar.
Sempre tênue e caprichosa
Vinha em verso, vinha em prosa!
Plena e perene de si.
Dentre sons, tons refinados!
Vinha sempre saltitante
Em cenários exuberantes.
Vinha toda aconchegada
Sobre folhas sucatadas
Dos já perpassados frios.
Toda alegre desfilava...
Nos tapetes farfalhava
O encanto do seu brio.
Jamais fora do inverno...
Nem das estações de ferro.
Vinha simplesmente vindo
Quando sempre
E aonde...indo...
Se é preciso chegar.
Vinha ela passo a passo
No mistério do compasso
De saber aonde ir
...já no tempo de florir.
Na moldura refinada
Acordei extasiada!
Na decoração do céu.
Já não mais havia guerras!
Missel em flor à toda Terra.
Vinha eu no colo dela,
Em suada aquarela
Morno sol, novo porvir.
Hora do belo explodir!
Despertei...
E abri a janela,
Logo ali a nova tela:
Vinda ela
Primavera!
Recolhi as belas flores...
Nobre cheiro aos maus odores.
Mãe rainha em sentinela!
Armistício às tantas dores.