Desnexo
Um sabiá cantou no meu jardim,
e nem jardim eu tinha, francamente.
E cantou, e cantou... na minha frente
como cantasse apenas para mim.
E cantou, e cantou... e, de repente,
havia um jardim dentro de casa!
Um beija-flor insone bateu asa,
carregando, no bico, uma semente.
Dia seguinte, o mesmo sabiá
pôs-se a cantar um canto diferente.
E cantou, e cantou... na minha frente
como se já não fosse um sabiá.
E o beija-flor voou na minha mente
e largou a semente frente a mim.
E minha casa enfim era um jardim
que não tive e não tenho, francamente.
Um outro sabiá, um outro dia,
cantou, cantou, cantou... longe de mim.
Foi quando eu descobri, até que enfim,
a criar sabiás à revelia
e, com pena, apenar a poesia,
que me fez jardineiro sem jardim.
Um sabiá cantou no meu jardim,
e nem jardim eu tinha, francamente.
E cantou, e cantou... na minha frente
como cantasse apenas para mim.
E cantou, e cantou... e, de repente,
havia um jardim dentro de casa!
Um beija-flor insone bateu asa,
carregando, no bico, uma semente.
Dia seguinte, o mesmo sabiá
pôs-se a cantar um canto diferente.
E cantou, e cantou... na minha frente
como se já não fosse um sabiá.
E o beija-flor voou na minha mente
e largou a semente frente a mim.
E minha casa enfim era um jardim
que não tive e não tenho, francamente.
Um outro sabiá, um outro dia,
cantou, cantou, cantou... longe de mim.
Foi quando eu descobri, até que enfim,
a criar sabiás à revelia
e, com pena, apenar a poesia,
que me fez jardineiro sem jardim.